segunda-feira, agosto 29, 2005

Toque

Ou um abraço
Ou um beijo
Ou as mãos dadas
Ou até de pernas entrelaçadas

O toque, que não fala,
Diz ao ser o que sente
O toque, que é real,
Não mente como as palavras

Mas o toque pode ser ríspido
O toque pode ser um soco,
Pode ser um pontapé
Ou uma forte cabeçada

Mas no fundo a essência é a mesma
O toque é a expressão do corpo
E corpo, ao contrário da mente,
Não é senão totalmente verídico

Quais sentimentos, ou palavreado todo adornado....
Qual doçura em frases de amor que nunca terminam,
Ou até qual insulto que se propaga e se alonga no tempo
O toque é que significa tudo

" Quando te toco, não há sentimento algum em minha mente que subsista ao calor de teu corpo. Quando te sinto tocar-me até na alma me tocas, com as tuas leves e delicadas pontas de dedo exaltas a minha pele, meu coração e ossos, fazes-me viajar numa nuvem de esquecimento do que há em redor e pões-me numa ilha abandonada no meio do mar, onde só tu me acaricias. Toca-me... "

sexta-feira, agosto 26, 2005

Inocente

Quem, eu?!
Eu não, eu sou culpado!
Inocente?! Quais quê?!
Eu sou é muito culpado...

E esses que dizem
Que são inocentes?
São culpados, pois são!
Ou pensavam que a responsabilidade
Morria sozinha?

Mas não morre, tão pouco...

Esfregam-nos na face as provas
Da sua inocência,
Tal vontade só comprova a sua culpa

O inocente não precisa de mostrar provas,
O inocente sabe que o é, não necessita
De andar a espalhar a sua inocência pelo mundo

Sabem, eu não sou inocente...

A inocência vai para além
Da idoneidade,
Passa pela responsabilidade,
Roça a cautela e até se
Estende pelos pensamentos.

Agora aqueles que se dizem inocentes,
Bem nesses não acredito...
Prefiro provar minha culpa (que não sei qual)
Do que por à prova minha inocência.

" Antes cair em graça, que ser engraçado ( sabedoria popular ) "

sexta-feira, agosto 19, 2005

Já sentiste?

Já sentiste aquilo
Que é feito de tudo
Que enfeita nosso coração
Que lhe dá força
VIDA VIDA VIDA

Já sentiste aquele
Bocadinho que parece eterno
Quando os braços se entrelaçam
Quando tudo à volta ...
É nada, nada te interessa

Aqueles minutos ou segundos
Quando a paz surge
Quando uma sensação de consolo
Assume o contro de ti

E é tudo tão simples
Só quatro braços
Só duas almas
Só um olhar
Só um AMOR

É como quando me sento à beira-mar e sinto a maresia, é a areia presa no corpo mas não nos sentidos e as duras rochas todas lá longe. É aquela sensação de infinito que a maré me confere, aquele som eterno que ressoa nos ouvidos de tanta e tanta gente ao longo de tantos e tantos anos, séculos, milénios, eras e é o zumbido daquele leve vento que me transporta para os confins do Oceano e eu ali, sentado, silencioso, calmo.
Respiro peixes, tempestades, rios, embarcações, golfinhos, baleias e margens sem fim, tudo à distância de um só odor, a maresia. Quando caio aos teus braços, Amor, és a maresia, os peixes o que me fizeste sentir, as marés o infinito do meu desejo, as rochas e a areia são tudo o que me rodeia e o mar.... bom o mar, o mar é constituído por todos aqueles que me despoletaram alegrias e é por todos eles e elas que me sento todos os dias diante da maresia, esperando que leves um pouco de mim, ou todo eu, contigo e me entregues ao mar.

Só, já sentiste? A maresia sim, mas agora quero o mar.

quarta-feira, agosto 17, 2005

A Dois

Rir a dois
Olhar a dois
Perceber a dois
Viver a dois

Beijar a dois
Festejar a dois
Gostar a dois
Ser a dois

Amar a dois
Pois também
Chorar a dois
Empalidecer a dois

Temer a dois
Sofrer a dois
Dar a dois
Existir, começar, acabar, regressar, exprimir, apetecer, querer, desejar, anelar, efectuar, agir, fecundar, respirar, tanto, tanto relacionar e fazer ver o mundo a dois.

Sempre a dois
Eternamente a dois
Dois dois dois dois
Dois a dois
E a Vida multiplica-se
Em inúmeros dois
Que dão fogo à água
E água ao fogo
Sem deixarem de ser dois
Mas muito perto do Um

O único dois que merece respeito é aquele que adora ser Um
Um único ser, resultante da ternura A DOIS
Sempre A Dois ...

sexta-feira, agosto 12, 2005

Degrau a degrau, espero por ti

Subi a escadaria da vida
(Ainda subo)
Sem nunca querer descer
Nenhum degrau

Esqueci-me de te dizer
Que a escadaria é comprida
E não lhe distingo o fim
Sinto-me um pouco cansado
E o corrimão escapa-se-me
Por entre os suados dedos

Dá-me o teu braço,
A tua mão é suficiente,
Ladeia-me, para que te sinta
E para que o sufoco desapareça.

O cansaço repartia-mo-lo
Os dois e nenhum de nós
Voltaria a suar, sozinho.

Dá-me a mão para que escalemos
Esta escadaria juntos,
Junta-te a mim, eu espero,
Ainda me faltam muitos degraus.

terça-feira, agosto 09, 2005

Avenida

O Amor é como uma
Larga Avenida
Que se espalha em ruas
Que desconhecemos
Até nos cruzarmos nelas

Uma Avenida ladeada
Por árvores seculares
Respiradas por tantos
Outros traseuntes

É local de partida
Para o resto da Cidade
Onde se dispersa nossa vida
Da Avenida seguimos
Para a próspera baixa
Ou para pobres bairros de lata

Na baixa levamos a passear
A nossa felicidade
Nos bairros de lata é o
Desânimo e tristeza que nos acolhe,
Sempre a caminho da Avenida

O centro nevralgico da avenida
É aquela Rotunda que divide
Os caminhos para a parte velha da Pólis
Onde seguem os prisioneiros da memória
Dos da parte nova da Cidade
Onde moram os desejos e prédios que desconheço

Uma coisa é certa
A caminho de qualquer ponto
Da cidade e até sair dela
Terei sempre que passar pela
Avenida Do Amor...

"... Quando sair da Cidade, talvez tenha um País, ou um Mundo para conhecer..."

segunda-feira, agosto 08, 2005

Consumidamente Católico

Es verdad que vivo mi vida
Atado en ti
E que te siento
En cada momento de mi vida.

Usted es el sol que transforma
Mi mundo tan caliente,
Pero sí tu te vás
Mi corazón se torna
Tan más hielado.

Quisiera que fuesses eterna,
E es! Dentro de mi alma.
No tiengo tantas palabras
Para describir su importancia a mí,
Es tudo e es nada,
Es la montaña
Y la agua fría en ella
Usted la lleva para el mar,
En donde mi mente se asienta en usted...

domingo, agosto 07, 2005

Não sabes

Não sabes das plantas
E do mar?
Não sabes do céu azul
E dos animais?
Não sabes das nuvens
E das montanhas?

Nunca te falaram
Da Vida como se
Fosse uma pessoa
Qualquer?

Que respira pelos
Pulmões da felicidade
Oxigénio de alegria
E carbono de tristeza?

Nunca te disseram
Que come do mesmo prato que tu,
E partilha contigo
Todas tuas relações?

E se eu te dissesse
Que tu podes morrer
Mas ela não?
Acreditarias?!

Os teus gestos, teu toque,
Tuas palavras e toda tua
Constituição, resvala para
O mesmo sepulcro que tu.

Mas não tua vida
Todos teus actos não palpáveis,
Sentimentos, obras e vontades.
Tua vida não morre,
Nada disso, a morte é para o Ser,
A Vida só precisa de ser criada,
E tu criaste-a.

Podes morrer, mas a tua vida não...
Sinto-a aqui, mesmo ao lado do coração,
Só não a consigo agarrar
Mas consigo suste-la na mente.

Seres! Vivam! Brilhem!
Há morte sim, mas a Vida...
A Vida é infinita e olha por nós
No dia de nossa morte.

terça-feira, agosto 02, 2005

Debaixo do meu coração

Uma bolsa marsupial
Uma carteira de cristais
Um cofre sem combinação possível
Uma vida lá guardada

Dentro de meu crâneo
Dentro de minha mente
Debaixo do meu coração
Um desejo persistente

Estendido no mar
Perdido no infinito
Incrustado na memória
Subsiste a vontade

Colada com betão
Afixada com resina
E presa que nem rocha
Não resvalará

Nem que me apedrejem
Nem que me insultem
Ou até crucifiquem
Não deixarei de amar

O meu pedaço de terra
O meu litro de oxigénio
E o meu punhado de sonhos
Onde ando, respiro, vivo....

segunda-feira, agosto 01, 2005

Meu anjo , meu demónio

Minha anjinha, minha bruxinha
Dou-te os meus sorrisos
E tu devolves-mos em forma de desprezo

Meu pedaço do céu tão junto à terra,
Se te dou alegria
Pintas-me de branco e esqueces-me.

Minha bruxinha simpática e amável
Que se me ouves, depressa te esqueces,
Minha anjinha que cuidas sempre de mim
E tu nem sequer o sabes.

A terra e o fogo
Sorriem quando te vejo e te falo
O mar e o ar
Até páram se eu não te encontro

Podes não saber és anjinha para mim
Podes até desconhecer que te julguei bruxinha
Mas neste momento, agora

Sei que quero ser teu anjo e correr com todos os bruxedos que te incomodem
Quero ser teu bruxo e descobrir todas as tuas dores antes de as sofreres,
Nem que as guarde para mim.

Brilha! Eu quero.