Ela empuleirava-se naquela enorme varanda,
Saciava-se com o odor e elegância dele,
Ele abanava-se todo, parecia que tinha penas,
E quando passava à frente dela, abria as asas,
Talvez querendo voar até ela.
Ela até passeava no mesmo jardim que ele,
Horas diferentes, é certo, mas tinha de lá ir, sempre.
Houve um dia que coincidiu passearem no mesmo sítio,
À mesma hora e no mesmo dia, trocaram um olhar terno,
Mas distante, doce, mas grandemente forte, muito forte.
E olhavam para cima, como se esperassem intervenção divina,
Uma permissão para se cruzarem e se tocarem, de facto.
Mas não podiam e nunca se tocavam,
Mesmo apesar de se terem visto no parque novamente ...
... Várias vezes ...
O Amor rogava por sair, mas o corpo não o deixava,
A mente proibia-os mas o pior ...
Ambos viviam presos, numa coleira feita de donos artificiais,
Numa casa escura, onde os minutos sofriam e esperavam esse mesmo dono.
Mas um dia o parque voltou a juntá-los,
Ele mordeu a coleira e fugiu,
Ela o mesmo fez e correu até ele.
Tocaram-se, sorriram, rebolaram pela areia,
Esgotaram todas as suas angústias e viveram, viveram.
E os donos?
Esses sentaram-se e esperaram que os seus cães os perdoassem, pelo facto de os terem privado do amor.
" E o que me dizem do amor na vida animal? "