segunda-feira, setembro 29, 2008

Nós não podemos ser sempre os mesmos...

... não podemos, os tempos mudam, a nossa maneira de encarar a realidade também. É incrível como há tão poucos dias, ou meses, tudo o que queria era papel e caneta e umas quantas rimas se soltavam espontaneamente da cartola, como se eu nem precisasse de as expressar, essas rimas - às vezes sem concordância silábica - viviam dentro de mim, eu sentia-as!

E o que é de mim hoje?! Amigo te escrevo porque sempre me soubeste ler e nunca me impediste de escrever, amigo te escrevo porque nunca me abandonaste ainda quando o meu objecto de rima eras tu próprio, ou a ausência de ti, é verdade nem em ausência me faltaste à presença.

Mas hoje sei que não se justifica mais cantar-te, aquilo que te tinha de cantar já cantei, novos valores se aprumam num novo baile de vida. Se isto é um ponto final? Não, não acho, talvez seja um recomeço, talvez agora e só agora te perceba, tanto conversámos!

Mas é verdade, nós não podemos ser sempre os mesmos. Os nossos sonhos, à noite, giram em torno da idade e esta absorve-os num melancólico tom crescente, como se a cada segundo um sonho caísse e vertesse uma pequenina lágrima que, de seguida, acendesse uma centelha no coração e nos fizesse acreditar na sua mera existência lá, lá longe no coração.

Vou acabar sim, vou deixar de te frequentar - pelo menos por estas bandas - mas acredita que é com dor que o faço, precisamos de tempo para reflectir e julgar o tempo no banco como réu e averiguar se é verdade tudo o que dizem dele.

Penso até que o verdadeiro artista é aquele que, tendo o pincel na mão e o mister no coração, se coíbe de pintar quando sabe que o deve.

Obrigado amigo Poema, até sempre.

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domingo, setembro 21, 2008

Páginas

"Porque a nossa vida não é como os poemas mal escritos, numa folha de um bloco de notas, a qual a podemos sempre arrancar, rasgar e deitar fora quando a julgamos mal redigida. Na vida os poemas mal escritos não podem ser arrancandos do bloco, esses ficam e deles nunca nos livramos quando queremos virar as páginas. Mas e então a solução é lê-los? Sofrê-los? Senti-los? Eu tento marcar o bloco numa página em que a redacção tenha sido boa e tanto as rimas como a métrica, como o vocabulário, naquele dia correram bem, depois começo sempre por o ler, por o recordar como quem relembra um bom momento vivido e só depois escrevo novos poemas neste bloco de notas absurdas que escreve a minha vida"

Te amo.

terça-feira, setembro 02, 2008

sossegar

Sossegar...

Numa noite calma e sem desejos ou aspirações,
numa noite assim bem calma e sem ouvir-me gritar por dentro,
o silêncio de um trovão rompejando um dilúvio ... calmamente

e eu descansado e sem pensar, e sem desejar, e sem querer e

calmo e sereno, tremendo de frio, aconchegado a uma rocha gélida,
um terno e calmo silêncio interior sem mim e apenas tremendo,
sem certezas,

não! Nada disso! Apenas incertezas, relaxantes e imperturbáveis,
sentindo granizo rompendo pensamentos para que me reflicta vazio

como quero como gosto ... assim em silêncio

como eu.