quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Sorte ao jogo, azar no amor ....

... decidiu, então, apostar no amor.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Caminhar não vai ser fácil ...

Quando pousar os pés no solo,
Já saberei que o caminho é longo,
Não decidi se vou descalço,
Ou se me calçarei correctamente,
O importante é que caminhe.

Não sei o caminho de volta,
Nem tão pouco me interessa,
Vou caminhar para a frente
E só o horizonte me interessará.

O caminho pode ser rochoso,
Áspero e seco
Ou pode ser lamacento,
Escorregadio e perigoso,

Mas o caminho não irá terminar antes de eu o desejar,
O caminho serei eu próprio e os metros que percorrer
Serão os minutos de minha vida.

Caminhar não vai ser fácil,
Por isso é melhor começar o quanto antes.

domingo, fevereiro 12, 2006

Uma carta ao sorriso

Felicidade, 12 de Fevereiro de dois mil e sempre.

Venho, por este meio, comunicar
A sua excelência, o sorriso,
A sua ausência em tanto lugar,
Nem sempre está onde é preciso.

Sei que não o faz por mal
Pois até é boa pessoa,
Chega até, a ser vital,
Quando está, a dor não magoa.

O senhor devia era ficar,
Mas foge de boca em boca.
Tende a fazer despertar,
E pôr a nossa voz rouca.

Mas tudo bem que não fique,
Desde que venha a quem o desejar
E deixe, então, que se estique
A sua alegria a quem o chamar,

Mas tenha muito cuidado!
Há quem o chame por maldade,
Como sei que é bem-educado,
Peço-lhe que acompanhe a bondade.

Antes, então, de me despedir,
Gostava de lhe conceder um desejo,
Posso-lhe, concerteza, garantir
Que a tristeza, já não a vejo

E como o seu intuito é alegrar,
Quero que saiba que de mim,
Essa alegria que me está a dar,
Jamais um dia terá fim.

Os meus cumprimentos
Saudando-o eternamente.
P.S.- Desculpe meus lamentos,
Quando não o vejo imediatamente.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Em Passivo

Ele chega a casa, estourado do trabalho,
Ela passa o algodão de seus lábios nos dele, uma recompensa,

Ele abre a camisa, desaperta a gravata e chama o filho,
Ela abre aquela irritante embalagem de arroz,
O filho recorda ao pai, o interessante dia escolar,

Ele ouve a interminável e heróica história do filho e folheia o jornal, com a pestana cansada,
Ela acaba de pôr a mesa, pede ao filho para largar a playstation,
O filho aceita com bastante relutância ...

- Venham para a mesa!
Grita a mãe, esposa, enfim ela, de lá de dentro,
O filho surge com a cara mais amarrada possível
E ele, nervoso, senta-se a protestar com a "... miséria do País que temos! ..."

- Já volto.
Diz ela, antes de se dirigir aos quartos para abrir as camas,
Ele brinca, alegre, com o miúdo até se cansarem,
O petiz encosta-se às almofadas do sofá, adormece e leva o pai com ele.

Ela levanta a mesa, acaba de lavar a louça,
Shhhhh,
Shhhhh,

Ela chama os meninos, veste o pijama ao filho e dá-lhe um doce beijo de boas noites,
Shhhhh,
Shhhhh,

Eles dormem e ela finalmente adormece, não sem antes ir verificar novamente o seu bebé, apagar a luz, desligar aquela desgraçada e desgastada televisão, tirar a bola que ficara no caminho após a brincadeira dos homens da casa. Mesmo sem dar conta adormece um anjo da guarda, que o que faz não o faz por obrigação mas sim de coração. Amanhã, ao raiar do sol o anjo acordará e todos nós homens estaremos ainda a dormir, sonhando com esses fabulosos anjos, que nos acalmam e nem nos damos conta disso.

(inspirado num texto de Carlos Drummond de Andrade)