terça-feira, setembro 27, 2005

Personagens II

Recuperaste mesmo a tempo de o veres....

Deve ter sido daquele clarão, não reparei e caí sem sentidos, nunca vi tal coisa na minha vida, mas o quê que se passou?

Tudo se afastou, deixei de ouvir ou ver o que quer que fosse à minha volta, parecia a explosão de uma bomba, porém só o chão tremeu, nem ouvi a implosão, tudo estava distante ...

" Tínhamos olhado tempo de mais para o azul do céu antes de nos beijarmos, era capaz de jurar que um turbilhão de pensamentos me invadiam antes de a beijar, parecia que queria mas não conseguia "

Disseste que tivera recuperado mesmo a tempo de o ver, a quê que te referias?

Não sentiste? Não viste? Era um anjo a escrever no céu a palavra AMOR, parecia que a escrevia enquanto me beijavas e quando tombaste no meu peito, baixando tua cabeça estava a terminá-la, perguntei-lhe se não punha ponto final a seguir ele disse-me
" Quando escreveres Amor nunca penses em por um ponto final a seguir, mas sim, vou por um ponto final " e escreveu .AMOR " Porque no Amor tudo é ao contrário ", Não viste? Não ouviste?

Sim, Vi-o pelos teus olhos, enquanto te beijava, por isso é que tombei minha cabeça junto ao teu coração, para vos poder ouvir...

quarta-feira, setembro 21, 2005

Personagens I

Quantas vezes me deparei sem palavras
Decidi criar personagens para viver minha vida

Ele vivia uma rua abaixo dela,
E cada vez que passava por ela fingia nem a ver, quando fervia de vontade de lhe dizer um olá, julgava-a demasiado distante de si "É areia de mais para a minha carrinha", dizia,
Escondia-se no lugar mais escondido ao fundo do autocarro com medo, até, de trocar olhares com um ser tão belo
Sempre que podia, dizia a alguém para ir beber um café na rua de cima, talvez um dia a visse passar e ganhasse coragem para a convidar a beber um café

Ela passeava o seu cão insistentemente, na rua abaixo da sua
Às vezes via-o, tinha medo de sua reacção se o cumprimentasse e olhava para o outro lado da rua, "talvez tenha namorada...", pensava
Sentava-se sempre no primeiro lugar do autocarro, com receio de não o ver entrar
E sentava-se sempre num café da rua de baixo com uma das suas amigas .....

A vida é feita de desencontros, às vezes basta virar a esquina para encontrar a felicidade, mas julgamo-la tão dificíl que em vez de encontrarmos felicidade em algo, descobrimos tristeza nesse algo, e a angústia é tão dolorosa! A tristeza pesa sempre mais que a felicidade ...

terça-feira, setembro 20, 2005

Porquê..

Derramam vontades
Da minha mente
Espalhando-se pelo corpo

"Os desejos desanimam-se

Os intestinos contraem-se
E o coração regorgita cansaço"

Mas depois alguém olha
Ainda que distante

Então
Recupero os sentidos
E novamente derramo vontades

E apetece-me viver!
E apetece-me libertar tudo o que sinto!

Quem....

Um dia, quando a noite
Caiar em tons de infinito,
Os acordes simpáticos,
Resplandecentes do teu rosto
E me cobrires de alegria
Da cabeça aos pés,

Vou pedir ao tempo
Que me deixe sair nessa
Estação, presa no momento.

Quando o dia te pintar
Da cor da minha vontade
E dos teus lábios
Saltarem, calmamente,
Atordoantes palavras doces,
Dignas das Sereias de Hércules,

Irei rogar à memória,
Que me deixe guardar-te
Junto à última estação
Onde o tempo me levar

E quando dia e noite
Não forem suficientes,
Para esboçar toda tua beleza,
Pedirei às tardes quentes
E às manhãs frescas,
Que abandonem todas suas tarefas (fúteis)
E desenhem o linho de teu cabelo.

Quando 24 horas esmorecerem,
Sem que a pintura esteja terminada,
Farei, também, com que as nuvens párem,
Que o vento não sopre, que o fogo não queime,
Que a água não molhe que as plantas deixem de crescer,
Para que ELA seja louvada, pelo menos um pouco...

" Sento-me a assistir o espéctaculo da tua beleza, deixo cair palavras que morrem antes sequer de tu as sentires, comovo-me com a ausência do teu coração, porém iludo-me com a cor do teu pálido olhar, refrescas a minha mente ao virares a sapiência brilhante de tuas íris na minha direcção "

quarta-feira, setembro 14, 2005

Quando acreditas ...

Caminhava só
Ela perguntou:
- Porque andas sozinho?
Eu disse:
- Sempre que ouço tua voz, não estou só, mas agora estou.

Estava a rir-me sem razão
Ela perguntou:
- Porquê que estás a rir?
Eu disse:
- Quando não te consigo ouvir eu choro, talvez se rir te consiga ouvir.

Depois eu estava a chorar
Ela perguntou:
- Porquê que ....
Eu disse:
- Shh não fales, deixa-me sentir esta lágrima será a minha última.

Depois estava a enforcar-me
- PÁRA rapaz!!! Tu vais-te matar! Não estejas assim!
- Estou cansado de escutar tua voz sem te tocar, estou doente de tanta solidão desde que te foste. Ando tantos quilómetros e não te consigo ver. Eu rio-me tentando te esquecer, mas sinto-te dentro de cada gargalhada que largo . Merda! Eu choro e não consigo ver-me livre da dor de não te ter. O meu coração só pulsa por ti, e cada batimento dele toca o teu angelical tom de voz, que se amarra aos meus sentidos, levando-me à completa loucura de não te poder tocar.
Estava perdido num labirinto sem solução possível até que encontrei esta corda, não vou resistir mais, vou-me juntar a ti agora, amor!

Mas ela disse:
- ... ... ... Porquê que não podes ser como os outros que me esqueceram?!! Por favor não morras por mim, nem eu terei paz onde vivo agora e para sempre, nem Deus te concederá terreno a meu lado. Por favor não morras também.

Agarrei-lhe nos braços, sorri-lhe, expirei fundo, quase como que se nem precisasse daquele ar, toquei-lhe na doçura carnal de seus lábios, saboriei cada ínfima gotícula de sua saliva, olhei-lhe nos olhos, claros como nos meus sonhos e disse-lhe:
- Acho que Deus nos perdoa desta vez ...

segunda-feira, setembro 12, 2005

Obrigado....

Às vezes um Obrigado bastava
Para evitar tiros e mortes
Um simples agradecimento
E não o virar de costas

Às vezes o Obrigado
Poderia mudar de nome para
Messias, Salvador, Senhor
Mas não, ele é só Obrigado

Mas nem sempre se compreendem
As raças, umas entre as outras,
E o Obrigado nem parece ser necessário
Porque as acções não são concretas

Mortes, pilhagens, violência
Desaparecimentos, listagens negras,
Guerrilheiros da dor e do sentir,
Assassinos, ocultos ou revelados,
Pesadelos, terrores, temores,
Clamores, bramidos de agonia,
Sangue derramado, noite de dia
E à noite prolongamento de morte,
Ameaças e desgraças,
Todos nos batem à porta

Tudo se concentra num primado de violência jamais vista à face da Terra e o sofrimento grita por entre janelas escondidas com medo da paz dos que guerreiam, tudo parece infinito mas Obrigado pela Vida, nosso Deus, Obrigado........ Basta!

Képela

O vento sopra
E o tempo passa
A cortinas afastam-se da janela

A chuva tropeça
Com oscilantes variantes de clima
E o tempo passa

Moscas e formigas perecem no solo
De açúcar amargo
E o tempo passa

O Sol nasce e põe-se
A Lua olha e esconde-se
E tempo passa

Tudo tão calmo e distante
Que vejo o tempo morrer-me nas mãos
Calejadas de tédio e silêncio

Alterei o meu estado vegetativo
E vou lutar pelo o que acredito
Nem que morra a defender isso mesmo

E um dia, prostrado na janela,
Alguém olhará para mim
(Tal como eu olhei também)
E apanhará a cortina,
Proteger-se-á da chuva
E deixará de observar moscas e formigas

Um destes dias esse alguém
Irá levantar-se, também,
E irá dar o exemplo a tantas outras pessoas deste FABULOSO MUNDO.

sexta-feira, setembro 02, 2005

Aperta-me o Peito

Aperta-me o peito
Coração que lamento
Aperta-o com a força
De mil desejos teus
Que morrem na minha mente

Aperta-me o peito
Coração que não cuido
Arrefece-o com tua dor
E perdoa meu pensamento
É um simples moribundo

Aperta-me o peito
Pobre pedra escura
Esmaga-o com tua fraca solidez
O que penso são lamentos
Mas o que queres é Amor

Perdoa meu peito
Triste e pálido órgão
Só isso mesmo um órgão
Nada mais

" E os meus pensamentos são vagabundos, que vadiam pelas ruas da minha mente e da minha alma, mendigam pelo desejo e pela vontade, eles pedem à porta da casa dos neurónios, dos músculos, dos ossos e nenhum deles nada lhes dá, senão cansaço e desânimo. Pobres coitados dos pensamentos que não procuram vontade, desejo e concretização mesmo no coração, onde vivem estes sentimentos, sozinhos e à espera que eu os ouça "