sábado, outubro 22, 2005

Grato à Vida

A vida soube dar-te o sorriso,
Soube agraciar-te com sabedoria,
Permaneceu quando não a querias,

A vida também te trouxe dor
E soube humedecer tua alma
Com aquelas ardentes lágrimas.

A vida deu cansaço e vitalidade,
Deu desejo e decepção,
Soube amar e esqueceu de ser,
Atreveu-se a odiar e a detestar,
Mas mistificou-se quando não soube amar nem odiar.

A vida que é minha, que é tua,
Que é escura e que é pálida,
Que rompe e dá-se a quem se entrega,
Também se baralha na corrente negra
De sofrimento do teu dia-a-dia.

Mas hoje eu sei o que é a vida,
É o pulo da ausência para a presença
E quando falo na morte,
Já não tinjo a camisa com lágrimas,

" Esqueço-me do buraco que me guardará para o infinito e lembro-me do sorriso que vi encantar-se nos teus lábios, ainda antes de eu fechar os olhos para o guardar para sempre nos meus sonhos. "

quinta-feira, outubro 20, 2005

Não tenho inspiração

Perguntaram-me:
"De onde retiras a inspiração?"
"Mas que inspiração?"
Respondi, penso...
Mas:
"Essa que te faz escrever."

" Bom o que escrevo, não são mais que palavras soltas, que colhi enquanto o tempo me consumia as vontades. Escrever palavras de cristal anorético, que se partem à medida que a lua se encolhe e estica, não é uma obra. A Humanidade sofre de fraquezas, as minhas são as palavras ditadas para um véu branco, que se rasga aos poucos na minha memória, frequentando os desejos de dor. Mas perguntaste onde retiro a inspiração, bom essa vem da capacidade que as frases, tão minhas, têm de me conferir força. Eu não tenho inspiração, tenho sopros da alma que me fazem sonhar e vivo desde o A até ao Z e se um dia o alfabeto deixar de existir, então também não precisarei de existir. A tua inspiração é a minha força, não quero inspiração, ela morre sempre nos bons momentos ... "

quarta-feira, outubro 12, 2005

Serviços noticiosos metereológicos

Adivinha-se uma enorme tempestade
Com início no coração,
As fortes rajadas sentimentais
Soprarão a velocidades que nunca
Pensamento algum julgou possíveis.

Acompanhadas aos poderosos ventos,
Seguir-se-ão inundações emocionais,
Com severas correntes de tristeza.

Relâmpagos rápidos de memórias
Devastarão consideráveis
Planícies, estáveis, de alegria
E seus belicosos rugidos,
Poderão mesmo causar confusão,
Confusão louca de morte!

A Protecção Civil aconselha calma,
O Corpo revelação e a mente contenção

E a essência da Tempestade tem um nome,
O nome de todos os que amaram, amam e amarão,
O nome dos que que não lutaram por ela ou por ele,
O nome dos que lutaram e perderam
E o dos que pensaram em vez de sentir.

O Observatório Para As Tempestades
Não sabe quando poderá voltar a acontecer,
Por isso aconselha :

" Estejam prontos para o Amor, nunca se sabe quando pode provocar uma Tempestade no mais modesto e comum dos mortais. E não esqueçam que depois da tempestade, vem sempre a Bonança. "

Assinado: O Comum Dos Mortais

domingo, outubro 09, 2005

Quanto ao desespero ...

Podes-te encostar a uma parede suja
E nela esfregares tuas lágrimas,
Insistentemente ...

Podes jurar arrependimento até sempre
E permaneceres na dúbia desconfiança
Para todo o infinito em que existires...

Podes terminar todas tuas frases
Com aquele, mentiroso, já venho,
Até fugires do que és...

Podes escrever em todos os telhados do Mundo
Em todas as pontes, barragens, montanhas,
Planícies, florestas, ou até nas próprias
Ondas do mar e na mais ínfima gotícula de oxigénio,
Todo esse desepero que sentes

E eu, ele, ela, o outro, o vizinho, a inimiga,
Aquele ou aquela, todos podemos lê-lo e
tentar corrigi-lo da melhor maneira possível ...

Mas nunca te esqueças que a borracha que pode apagar o teu desespero,
És tu quem a tem, evita escrevê-lo em muitos locais, assim será mais fácil
Quando o quiseres apagar para sempre ...

Conta comigo a teu lado...

(Minha grande amiga Telma)