terça-feira, dezembro 20, 2005

Mostras-me o tempo?

Serás capaz de respirar
Mesmo quando a dor te sufoca
A ponto de te sorver o tempo,
Todo ele, de uma só vez?

Serás capaz de te mostrar
Ao infinito como um pedaço de tempo?

Tens força suficiente
Para resistires ao frenético som das horas?

Mostras-me o tempo?
O tempo todo,
Escrito numa gélida mão,
Polvilhada de minutos, segundos,
De fracções mínimas da realidade?

Não!

Não!

Então porquê chorar,
Com as costas roçando uma esquina do pensar,
Ao relento e ao frio do sentir,
Quando tudo o que trazemos às mãos é tempo,
Quando o que nos sufoca e alivia é o tempo
E quando a resposta que ele nos dá é a esperança?

Não! Não vais chorar, não enquanto a tua face estiver pálida e anémica de tempo. Não! pois se o tempo tem o dom de escorregar, também se eterniza ao longo do palpitar prazeiroso do momento.